Uma experiência de raios cósmicos levada a cabo na Estação Espacial Internacional (ISS) pode ter conseguido a chave para resolver o mistério da matéria negra. A equipa de investigação responsável apresentou ontem, os primeiros resultados no Cern (Centro Europeu para Pesquisa Nuclear). O estudo vem publicado na «Physical Review Letters».
Acredita-se que a matéria negra compõe 26.8 por cento do Universo (a visível aos telescópios representa apenas 4.9 por cento) e que não é possível detectar por não emitir suficiente radiação electromagnética. É uma substância hipotética, que não pode ser detectada directamente, mas que os cientistas afirmam estar em todo o lado devido ao efeito gravitacional que exerce.
Os primeiros resultados revelaram que o observatório detectou mais antimatéria do que matéria, ou seja, uma quantidade maior de positrões (carga positiva) do que de electrões (carga negativa). Os dados ainda não são suficientes para determinar se esse excesso é devido à matéria negra, porque as teorias indicam que se deveria observar um pico e uma queda repentina na contagem de positrões em diversos níveis de energia – o que não aconteceu.
O trabalho resulta de 18 meses de observação de raios cósmicos. Componentes da chamada antimatéria, os positrões são raros e só podem aparecer quando produzidos por alguma ocorrência na própria Via Láctea. Especula-se que esses detectados pelo instrumento tenham sido gerados pela colisão de partículas de matéria negra nas bordas da galáxia, mas não se tem a certeza.
Nos próximos meses, o AMS será capaz de determinar se os positrões são um sinal da matéria negra. Se se tratar disso, os cientistas deverão conseguir observar uma queda abrupta na produção de positrões na faixa mais alta de energia.
Quanto mais energia tem o positrão, mais raro se torna, por isso é necessário muito tempo de observação para detectar essas partículas em quantidade suficiente para obter significância estatística.