O projecto Casa das Ciências, criado em 2008, quis conhecer melhor os 11 mil professores de ciência que, através deste portal, partilham os seus melhores recursos educativos com os colegas num modelo de livre acesso e re-elaboração e republicação. Para o efeito, levou a cabo, em Fevereiro de 2013, um inquérito do qual se concluiu que 80% destes profissionais diz trabalhar semanalmente mais de 36 horas.
“O inquérito refia-se ao mês de Janeiro, um mês normal de trabalho”, pormenoriza José Ferreira Gomes. O coordenador da Casa das Ciências, um projecto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, adianta que “o objectivo era conhecermos um pouco os professores que colaboram connosco”.
José Ferreira Gomes não se surpreende com as horas de trabalho indicadas pelos professores porque através de estatísticas do portal já verificaram que muitas das consultas dos professores são feitas “com muita frequência ao domingo e à noite” o que confirma, diz o entrevistado, o que eles declaram, ou seja, “que há muito trabalho fora das horas da aula”.
Muitos dos alunos procuram por explicações de ciencias e explicações matemática para os ajudar a melhorar as suas notas pois nem sempre é possivel sem o devido acompanhamento.
Ao Ciência Hoje, José Ferreira Gomes chama a atenção para uma das perguntas do inquérito. Diz respeito à percepção dos professores sobre o trabalho da Inspecção Geral da Educação (IGE). O também professor avança que “80% dos professores acham que a avaliação feita pela Inspecção Geral da Educação não apreende a qualidade do ambiente de aprendizagem nem o esforço dos professores e funcionários”.
Ainda no campo “avaliação”, 43% dos inquiridos preferem ser avaliados por indicadores, mas 27% admitem a avaliação pelos órgãos de gestão incluindo a Direcção da Escola. Apenas 23% consideram a hipótese de uma avaliação por pares.
“Parece haver algum receio de que o desempenho geral da Escola, em termos de mais-valia de aprendizagem dos alunos medida no termo do ano ou ciclo em relação ao início, se reflicta na avaliação individual”, conclui José Ferreira Gomes.
Deste inquérito é ainda de sublinhar que 100% dos professores consideram ser reconhecidos pelos alunos, 54% acham que têm o reconhecimento das famílias, 72% acha que são reconhecidos pelos colegas e 80% acha que não é reconhecida pela sociedade em geral.
O inquérito foi realizado aos professores membros da Casa das Ciências que colaboram regularmente. Amostra analisada de 500 respostas, com 70% de professores com 40 anos ou mais, ou seja já com carreira consolidada independentemente do tipo de vinculação e que acompanha a distribuição global de 60 a 70% de mulheres na profissão.
Este inquérito não incide sobre uma amostra equilibrada da população dos professores portugueses mas apenas sobre uma amostra daqueles que colaboram e usam a Casa das Ciências. Este é um conjunto muito especial mas representa cerca de metade dos professores de Ciências e algo menos de Matemática.