Uma equipa de cientistas japonese diz ter descoberto uma forma de descodificar os sonhos analisando a actividade cerebral de um grupo de voluntários através de imagens de ressonância magnética. Segundo o estudo publicado ontem na revista «Science», foram bem-sucedidos em cerca de 60 por cento dos casos.
Esta é a primeira vez, de acordo com os investigadores, que se consegue ler, a nível mundial, o que as pessoas vêem enquanto dormem. Os especialistas dos ATR Computational Neuroscience Laboratories, em Quioto, identificaram a parte do cérebro activada durante os primeiros minutos do sono e, de seguida, acordaram os voluntários para saber o que tinham sonhado. O processo foi repetido 200 vezes.
Mediante as respostas, a equipa comparou os mapas cerebrais produzidos pela ressonância magnética. Os investigadores seleccionaram palavras-chave relacionadas a objectos ou cenas visuais e inseriram-nas numa base de dados organizada em grupos lexicais – as palavras “casa”, “hotel” e “prédio“, por exemplo, foram agrupadas.
Segundo o artigo publicado, as tentativas seguintes de prever o que os participantes tinham visto durante os sonhos registaram uma taxa de sucesso de 60 por cento, que subiu para os 70 por cento quando se tratava de itens específicos.
O estudo centrou-se na fase transitória entre estar acordado e adormecer, para que fosse possível realizar um número maior de observações, acordando os participantes com frequência para que pudessem relatar o que viam durante o sono.
O próximo passo destes cientistas é em ‘prever’ outras experiências vivenciadas durante os sonhos, nomeadamente cheiros, cores e emoções, além das histórias completas sonhadas pelos indivíduos.
Esta investigação insere-se num programa de estudos sobre o cérebro que está a ser financiado pelo governo japonês. A equipa acredita que a tecnologia poderá vir a ajudar pessoas a moverem membros artificiais com o seu próprio cérebro e surgir como uma possível solução para a demência ou outras doenças cerebrais.